terça-feira, 26 de maio de 2009

O comum não cabe no LCD

Por Phelipe Siani*

Definitivamente o digital está na moda. Por vezes o termo assusta mais que as mudanças trazidas por ele. Pouca gente sabe exatamente o que virá de novo num mundo digitalizado, só sabe que muda, muda e ponto. Quem trabalha em TV vive um período de transição. Um meteorologista em meio a uma tempestade sem saber se o sol vai aparecer ao fim dela. Muito se fala sobre os avanços que a TV Digital vai trazer. A interatividade, a possibilidade de se ter um televisor conectado na Internet, poder comprar um disco no intervalo da novela com um clique na tela de lcd. Incrível não? Mas e o jornalismo? Pro profissional da palavra pouco importam tantos recursos tecnológicos, tantas opções de entretenimento, sem a definição do que fica diferente no quesito informação.
Então pra nós o que de fato muda? Muda muito. O que hoje não damos tanta atenção pode ser o que vai definir nossa credibilidade. Uma imagem em alta definição mostra a barba mal feita, a espinha inflamada, o cravo mal espremido. Em HDTV somos pessoas de verdade, em 1080 linhas de resolução somos iguais a quem nos assiste, iguais a qualquer um. Os repórteres de “porcelana” serão cada vez mais escassos. “As” repórteres vão carregar na maquiagem, “os” repórteres vão ter que aprender a conviver com ela. É isso ou assumir as olheiras.
No entretenimento mudarão os cenários de novelas, de programas. Tudo vai ter que ser mais caprichado. Os pequenos detalhes vão saltar pra fora do monitor. As imagens das escaladas dos telejornais vão ser ainda mais chocantes, ainda mais impactantes.
Acredito que mais que tecnológico o futuro do jornalismo em TV vai ter uma linguagem que hoje ainda timidamente se apresenta aos telespectadores. Digo já há tempos que atualmente ninguém mais tem tempo de sentar em frente à televisão e assistir a um noticiário chato, quadrado, insosso. Junto com a tecnologia a maneira de contar as histórias também vai mudar... obrigatoriamente, acredito. Os repórteres de amanhã terão que ser envolventes, cativantes, conquistadores de quem os assiste. O chato não tem espaço na TV do futuro. Amanhã o comum já vai ter nascido velho.

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